quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Posted by RDTD On 14:09

Rousseau e o Direito Político



Jean-Jacques Rousseau foi um importante filósofo, teórico político e escritor suíço. Nasceu em 28 de junho de 1712 na cidade de Genebra (Suíça) e morreu em 2 de julho de 1778 em Ermenoville (França). 
Dotado de excepcionais qualidades de inteligência e imaginação, foi um dos maiores escritores e filósofos do seu tempo. Em suas obras, defende a ideia da volta à natureza, à excelência natural do homem, à necessidade do contrato social para garantir os direitos da coletividade. Seu estilo, apaixonado e eloquente, tornou-se um dos mais poderosos instrumentos de agitação e propaganda das ideias que haviam de constituir, mais tarde, o imenso cabedal teórico da grande revolução de 1789-1793. Juntamente com Diderot, D’Alembert elevou, naquela época, o pensamento cientifico e literário da França, foi o movimento enciclopedista. Das suas numerosas obras, podem citar-se: “O Contrato Social” (1792). Onde a vida social é considerada sobre a base de um contrato no qual cada contratante condiciona sua liberdade ao bem da comunidade, procurando proceder sempre de acordo com as aspirações da maioria; “Emílio” ou “Da Educação” (1792), romance filosófico, no qual, partindo do princípio de que “o homem é naturalmente bom” e má a educação dada pela sociedade, preconiza “uma educação negativa como a melhor ou antes como a única boa”; “As Confissões”, obra publicada após à morte do  autor, e que é uma autobiografia sob todos os pontos de vista notável.
Quanto Ao Discurso, composto em 1753 para responder à questão proposta pela Academia de Dijon, isto é:  A origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens,  era a obra de Rousseau, como ele próprio informa nas suas Confissões, que o seu genial contemporâneo Diderot mais apreciava. Rousseau mostra o caminho histórico andado pelo ser humano, passando do estado de natureza para o estado citadino. Discute as contradições e incompatibilidades que permearam esse processo e defende a volta ao estado natural, sob novas formas.
Rousseau buscou determinar se existe desigualdade no estado de natureza do homem. Ele rejeitava as duas espécies de dados: os conhecimentos sobrenaturais e a evolução do homem. Para tanto, ele descreve o homem em seu estado de natureza em: homem físico; homem psicológico e homem moral.
Rousseau, na descrição do estado de natureza do homem físico, destacava as qualidades e suas enfermidades naturais dos homens.
Dentre essas duas temáticas apresentadas pelo autor são de que o homem, assim como os animais quando domesticados, perdem suas qualidades e somente em seu estado natural são fortes. Ou seja, quando o homem sai de seu estado natural acaba por levar como consequência as enfermidades.
Quanto a questão do homem psicológico, os homens possuem os sentidos assim como os animais. Tendo como diferença dentre o homem e o animal a liberdade, nas suas escolhas de querer ou não, bem como a faculdade de aperfeiçoar e retrogradar. Sendo essa segunda a que levaria ao homem a infelicidade por ter deixado seu estado natural. 
As faculdades intelectuais superiores nascem das faculdades inferiores, ou seja, a razão é posta em ação pelas paixões. Seriam essas paixões (faculdades inferiores) os desejos: da nutrição, reprodução e repouso, e o temor da dor, responsáveis pelo desenvolvimento da razão (faculdades superiores). Ainda em justificativa de que o homem em seu estado natural não seria ignorante, pois se ele não se conhece a dor (morte), não poderia temê-la. Fato ainda de que o progresso intelectual está condicionado a essas paixões e necessidades.  Bem como, pressupõem que para haver o progresso intelectual teve haver o trabalho, curiosidade, previdência que são coisas do homem social. E ainda, sendo necessárias duas convenções sociais como a linguagem e a divisão de terras para que esse progresso aconteça. Essa é uma linha apresentada por outros autores.
Diante das ideias apresentadas Rousseau afirma que não existe a sociabilidade na natureza humana original e que o homem não tem necessidade de outrem, visto que, o estado de natureza se caracteriza pela suficiência do instinto.
Quanto ao homem moral, Rousseau apresenta quatro ideias: amoralismo integral; o primeiro princípio da moral natural: o instinto de conservação de sim mesmo; o segundo princípio da moral natural: a piedade; e por fim as paixões. Quanto ao amoralismo integral é a ausência total de moral, no caso o homem não é nem bom nem mau, na visão do autor esse seria o estado de natureza do homem o qual lhe proporcionaria mais felicidade, do que o estado social.
Enquanto no primeiro princípio da moral Rousseau vai criticar a Hobbes o qual apresenta a ideia de que no intuito de se auto conservar o homem impunha lutar contra outros, matá-los ou escravizá-los. O estado de natureza de Hobbes e o estado de sociedade de Rousseau evidenciam uma esperteza do social como luta entre fracos e fortes, fortificando a lei da selva ou o poder da força. Para fazer interromper esse estado de vida ameaçador e ameaçado, os humanos decidem passar à sociedade civil, isto é, ao Estado Civil, criando o poder político e as leis.
A passagem do estado de natureza à sociedade civil se dá por meio de um contrato social, pelo qual os indivíduos renunciam à liberdade natural e à posse natural de bens, riquezas e armas e concordam em transferir a um terceiro – o soberano – o poder para criar e aplicar as leis, tornando-se autoridade política. O contrato social funda a soberania.
E que o homem seria mau para com os outros sem que houvesse as leis e as normas para se obedecer em uma sociedade. O qual Rousseau apresenta a ideia de que o homem natural não poderia ser mau, uma vez que não tinha o conhecimento do que era bom ou mau, condições essas que o são adquiridas com o estado social. No segundo principio da moral natural: a piedade, na qual Mandeville reside ter pensado que a piedade seria uma virtude social, na qual é regida por uma reflexão e não pelo valor real da ação.  Para Rousseau, a piedade é um movimento da natureza, esta é anterior a reflexão apresentada em um estado social, e ainda, seria essa a responsável pelo equilíbrio do primeiro principio do instinto de conservação de si mesmo, bem como está presente nos mais cruéis animais em seu instinto maternal.
As paixões por sua vez são violentas no estado de natureza, porém são facilmente satisfeitas, dando como exemplos: a fome, uma vez satisfeita se extingue; no caso da disputa pelas fêmeas na natureza ocorre onde existem poucas e ainda serve qualquer uma. Diferente no estado social, no qual se escolhe o que comer para satisfazer sua fome, muitas vezes rejeitando vários tipos de alimentos; no caso das mulheres os homens querem escolher e por muitas vezes querem disputar (lutar/brigar) por uma mesma mulher, em um mundo a qual existem muito mais mulheres que homens.
Em conclusão de seu pensamento quando a existência da desigualdade no estado de natureza do homem segundo Rousseau seriam quase nulas. O fato é que as maiorias das desigualdades seriam resultado da educação e do habito, consequentemente da sociedade. E as desigualdades naturais as quais são insignificantes e fracas são multiplicadas pela sociedade na qual aumenta os desejos de favorecer a si, desejos esses que só vieram a existir quando os homens convieram entre si à sua dependência mútua.             O que devemos nos ater e verdadeiramente nos propor é sempre o meio-termo das situações. Sabemos que não existem sociedades e modelos de governos ideais e por isso, contrariamente o que Jean-Jacques Rousseau afirma, devemos sim misturar as formas de governo, agregar os modelos de sociedades, juntando experiências adquiridas ao longo da história. Rousseau apresentou nestas duas partes da obra a passagem do estado natural para o estado civil, ou seja, o estado social que então conhecemos, mostrando desta forma como surgiu a desigualdade entre os homens. Importante não esquecer que a ideia de perfectibilidade está na base de toda esta transformação. Como homem de seu tempo (século XVIII), Rousseau procura realizar uma análise científica da sociedade, e, a exemplo dos físicos que criaram a teoria dos gases perfeitos, que em natureza não existem, mas servem para o estudo de todos os outros gases pelo método de comparação, ele utiliza a "noção de estado de natureza", que nunca existiu efetivamente, mas serve de patamar de comparação para verificarmos o quão distante uma sociedade está do estado natural.